SÉRIE: COMO ESTUDAR

      COMO ESTUDAR PARA A PROVA DA OAB – 1ª FASE?

 

Daniela Nogueira de Resende Lopes

 

         Neste artigo da Série “Como estudar”, vamos desviar um pouquinho do foco e propor uma discussão um pouco diferente. Isso se dá, uma vez que o Exame da Ordem muito se difere dos Concursos Públicos, seja pelo caráter competitivo destes últimos, seja pelo particular formato da prova daquele.

             Antes de tudo, vamos deixar uma coisa bem clara: a prova da OAB não é mais “fácil” do que as provas de Concurso. Muito pelo contrário! Eu, como advogada e concurseira, posso te dizer com toda certeza: as questões do Exame da Ordem são bem elaboradas e complexas, até mais do que aquelas cobradas nos demais certames. A grande questão é ausência de competitividade na avaliação feita pela Ordem dos Advogados. Isso, por sua vez, modifica totalmente o formato da prova, o que se reflete na sua preparação. E esse é o nosso propósito aqui: ajudar você especialmente nessa empreitada.

           Então, vamos lá. Como estudar para a prova da OAB?

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       Em um primeiro momento, é importante refletir acerca da sua situação atual. Você está no final do seu curso de Direito? É recém-formado? É formado há mais de cinco anos? Tem contato diário com as principais matérias? Ou com alguma matéria de Direito?

        Caso você esteja cursando a faculdade ou seja recém-formado, é indispensável que seja feita a seguinte reflexão sincera: como foi a sua jornada durante o seu curso? Acredita que possui uma base sólida de conteúdo e conhecimento em Direito? Reitero que essa reflexão é importante pelo seguinte motivo: muitos alunos que pretendem prestar o Exame da Ordem nos procuram com muitas dificuldades que dizem respeito a conhecimentos básicos.

           Com a falta de domínio acerca dos conceitos iniciais, dificilmente o estudante consegue desenvolver o raciocínio suficiente para a compreensão das matérias mais avançadas, um problema basilar mesmo. Tal fato não deve ser motivo de vergonha! É só uma questão que precisa ser considerada antes de qualquer planejamento.

     Nesses casos, eu recomendo que você procure um cursinho. Precisamos ser conscientes: não será possível aprender todo o conteúdo lecionado em 5 (cinco) anos em um cursinho de 3 (três) meses, pelo menos não de forma aprofundada, mas já é um começo. Também recomendo a busca por um curso bem recomendado àqueles que são formados há algum tempo e se encontram momentaneamente afastados do mundo jurídico.

        Após a necessária introdução, foquemos no que provavelmente te trouxe aqui: como planejar os meus estudos? O que estudar? Quanto tempo estudar?

         Primeiramente, para o Exame da Ordem, vamos deixar de lado a ideia de que precisamos dominar o conteúdo inteiro. Não é necessário, e não há tempo para tanto. Enquanto que em Concursos Públicos, os candidatos se preparam para um estudo a longo prazo, no que se refere à prova da OAB, o caminho é mais curto. Por isso, é importante traçar uma estratégia.

          Um estudante que se prepara para o Exame da Ordem deve focar, principalmente, em 6 (seis matérias): Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Penal e Direito Processual Penal. Essas matérias são alvo de cobrança de 48 (quarenta e oito) questões da prova. São matérias basilares, sobre as quais todo profissional do Direito deve ter conhecimentos medianos.

        Raciocine comigo: se você acertar em torno de 70% (setenta por cento) de cada uma dessas matérias, você terá um total de, aproximadamente, 30 (trinta) questões. Você só precisará acertar mais 10 (dez) dentre as outras 32 (trinta e duas) questões.

      Busque livros, resumos na Internet de professores qualificados (acredite: tem muito material disponibilizado de forma gratuita que pode te ajudar muito). Estude cada ponto previsto no Edital da OAB (utilize a tabela que apresenta os conteúdos cobrados na segunda fase como base). Após o estudo de cada ponto, faça muitos exercícios sobre o tema. Existem muitas plataformas e aplicativos de resolução de questões, inclusive de graça. No que tange às demais matérias, restrinja-se à resolução de questões e, em relação a algumas matérias, a algumas leituras rápidas. Escolha as matérias com as quais você possui mais afinidade.

           A resolução de questões é de extrema importância. E, ao contrário do que você deve estar pensando, elas não vão lhe servir para testar o seu conhecimento. A prática de resolver questões possui dois objetivos:

  1. Assimilar o conteúdo e aprender mais sobre ele: nós aprendemos muito colocando em prática nosso conhecimento, e uma forma de fazê-lo é treinando questões quando o assunto é passar em uma prova. Resolva as questões, procure as respostas corretas quando você errar ou se certifique se o seu raciocínio estava certo se você acertar;
  2. Conhecer a linguagem da banca: eu gostaria MUITO que os meus orientandos entendessem que não basta saber o conteúdo, muitas vezes nós perdemos questões por não compreender o que o examinador quer saber, por não conseguir interpretar a assertiva que ele criou. É normal! Por isso, é imprescindível que o estudante faça muitas questões.

           Eu recomendo aos meus alunos que eles resolvam, pelo menos, 200 questões por semana, ou em torno de 30 por dia, dependendo da quantidade de dias que você estude por semana. Faça questões!

       E como eu vou testar os meus conhecimentos, você deve estar se perguntando. A resposta é assustadora: simulados.

         Eu sei, eu sei. A ideia de fazer um simulado e tirar uma nota muito aquém do esperado provoca uma mistura de medo com tristeza, mas é necessário. Somente um simulado será uma ferramenta útil para te mostrar a realidade. Após a correção, você terá ciência do seu desempenho geral e em cada matéria e, somente assim, poderá corrigir os erros.

        Destaque-se que o simulado deve de fato simular a situação real da prova. Prepare-se em um local silencioso e sem nenhum tipo de distração. Avise aos seus pais, à sua irmã mais velha que entra no seu quarto toda hora pra pegar suas coisas emprestadas e ao seu irmão mais novo que procura um parceiro de brincadeiras o tempo todo, que você fará uma PROVA muito importante, e que não poderá ser interrompido. Separe sua garrafinha transparente de água e os seus lanchinhos. NÃO CONSULTE ABSOLUTAMENTE NADA e faça a sua prova.

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          Não há momento certo para se submeter a um teste! Não deixe para fazer o primeiro simulado na semana anterior à prova. Faça toda semana, se possível, desde o início da sua preparação. Compare seus resultados e observe se há um crescimento constante.

     Você pode encontrar simulados gratuitos e inéditos na Internet, oferecidos e confeccionados por alguns cursinhos, ou pode resolver provas antigas. Algumas plataformas possuem uma ferramenta por meio da qual você monta um simulado. Qualquer uma dessas alternativas é válida. Só não se esconda da verdade! Não se acovarde. Você não é pior que ninguém por ter tido um desempenho ruim em um simulado.

       Por fim, aconselho que você tome conhecimento dos Informativos dos Tribunais Superiores, que consolidam a jurisprudência mais importante da semana, dos últimos 6 (seis) meses pelo menos. Eles podem ser lidos nos sites dos próprios Tribunais (STF e STJ, somente) ou no site www.dizerodireito.com.br. Além de serem objeto de cobrança das últimas provas, eles irão ajudá-lo a compreender como alguns temas são tratados na vida prática. No mais, mergulhe nas leis, nos livros, nos resumos e nas questões e boa sorte.

        Lembre-se: “Não vale a pena viver sonhando e se esquecer de viver”[1]. A vida é feita de escolhas e de sacrifícios. Não adianta sonhar em ser advogado, ou em passar na prova da OAB, mas não se movimentar para que isso se torne realidade.

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           “Mas Dani, você não falou nada sobre a segunda fase”!

        Bem, esse tema fica pro próximo artigo! Passe na primeira, depois nós conversamos mais.

            Bons estudos!

 

 

[1] Frase retirada do livro Harry Potter e a Pedra Filosofal, proferida pelo personagem Alvo Dumbledore.


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