SÉRIE: COMO ESTUDAR

A EXPERIÊNCIA PRIVADA

Márcio Del Fiore

          Como é, ou deveria ser, grande a responsabilidade de aconselhar uma pessoa sobre o método a ser utilizado para passar em um concurso público. Indubitavelmente, a experiência me mostrou que a Professora Carla Patrícia tem a expertise na Formação de operadores do Direito.

          Propositadamente usei a palavra formação com “F” maiúsculo, uma vez que, infelizmente, não raras vezes, o aluno do Direito, ramo das Ciências Humanas, não visualiza o processo de preparação para concursos como humano, mas sim como uma linha de produção, quero dizer, não há como se preparar por meio de “receitas prontas” e com mensagens motivadoras.

          O preparo para concurso público é individual e requer coragem, por isso a provocação do título desta mensagem[1]. Cada pessoa tem a sua história, a sua base de conhecimento e, o mais importante, o seu tempo!

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          Especificamente sobre o concurso para Defensoria Pública, antes de adentrar propriamente dito no preparo, mister se faz discorrer sobre a instituição, o perfil que se espera do defensor e sobre as disciplinas desse concurso.

          A Defensoria Pública, nos termos do art. 134 da Constituição Federal, é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados.

     Acerca do perfil do defensor, faz-se necessário esclarecer que a instituição espera um profissional, não obstante a excelência técnica advinda da aprovação do concurso, que o seja inconformado, irradie empatia e, principalmente, que seja o intermediário para dar voz e visão aos mais vulneráveis.

         O concurso para as Defensorias possui, salvo um ou outro edital, 15 disciplinas, quais sejam: Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Penal, Criminologia, Direito Processual Penal, Direito da Criança e do Adolescente, Direito do Consumidor, Direitos Difusos e Coletivos, Direito Empresarial, Direitos Humanos, História, Organização, Princípios e Normas Institucionais da Defensoria Pública e da Defensoria Pública, Filosofia Jurídica e Sociologia Jurídica.

         Pela mera leitura da quantidade das disciplinas cobradas, verifica-se não tratar de uma preparação a curto prazo e rasa. O êxito exige boa base a ser alcançada com foco e disciplina. Quando digo foco e disciplina, não quero, de modo algum, que o concurseiro seja um obstinado e esqueça da sua vida social. Pelo contrário, no ponto, cito Anne Frank “Aquele que é feliz espalha felicidade. Aquele que teima na infelicidade, que perde o equilíbrio e a confiança, perde-se na vida”[1].

          Como se vê, a dica é estude, o que por si só, já é um privilégio, espalhe felicidade e não perca o equilíbrio na caminhada. Na sua caminhada, salvo raríssimas exceções, haverá mais derrotas, as quais devem ser encaradas como aprendizados e correção da rota para chegar ao tão sonhado objetivo.

          Albert Einstein uma vez enumerou suas regras de trabalho: “Um: na confusão, ache a simplicidade. Dois: na discórdia, ache a harmonia. Três: no meio da dificuldade, está a oportunidade”[2].

       Pois bem. Transporto as regras acima para a preparação para o concurso. Estude com simplicidade a legislação, as doutrinas, a jurisprudência e faça muitos exercícios tanto os de múltipla escolha quanto respostas discursivas, e grave os conceitos para a prova oral. O estudo de forma global, para as todas as fases, é essencial. O período entre as fases objetiva, discursiva e oral são, geralmente, muito curtos. Não busque atalhos! Com o perdão da expressão: sente na cadeira e estude. A vida, na minha opinião, infelizmente, tende a ser competitiva, mas viva com leveza e estude com harmonia, tal conduta será primorosa para sua vida profissional quando estiver na trincheira do dia a dia. E, encontre a oportunidade na dificuldade, isto é, estude no seu tempo e como puder!

          Disse Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”[3].

          Em uma frase. Tenha coragem para realizar os seus sonhos!

[1]Anne Frank: obra reunida. Editora Record, 2019.

[2]Trecho extraído do livro Cestas sagradas: lições espirituais de um guerreiro das quadras, escrito por Phil Jackson e Hugh Delehanty, Editora Rocco, 1997.

[3]Grande sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, Companhia das Letras, 2019.

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